ALMA DE PALANQUE
(Juliano costa dos Santos)
Estava ali plantado bem no centro da mangueira
de corpo e de alma inteira, puro cerne de pau ferro
escorou golpes e berros, nas lidas do dia a dia
o palanque tinha alma, e instinto de rebeldia
Por ser palanque, agüentou firme os tironaços
foram bufos e laçassos, tombos e gineteadas
cabrestos, rédeas trançadas, bucal e maneador
o palanque tinha a forma e o jeito do domador
Por ser palanque, repousa no catre longo do dia
palanqueando as invernias e mormaços de janeiro
trabalhou o dia inteiro, junto de toda a peonada
o palanque é a essência da querência mais sagrada
O palanque permanece encravado em nosso solo
é cria pedindo colo pra terra mãe que o sustenta
por ser palanque ele agüenta sem nunca frouxa o garrão
pois ficou suas raízes nas profundezas do chão
e assim passaram-se anos, na dura lida campeira
de corpo e de alma inteira, ajudando as gerações
cultivando as tradições, do Rio Grande altaneiro
por ser palanque ele entende a saga do peão campeiro
Por ser palanque repousa, no longo catre das horas
por ser do campo ele entende, o choro das minhas esporas
e sabe buscar na volta as voltas que o mundo dá
o palanque tem consciência e histórias pra contá