INDAGAÇÃO
(Juliano Costa dos Santos)
Não!
Não sou cria das estâncias, nem bebi do seu apojo..
Não fui tropeiro, tampouco fui domador,
mas trago encravado no peito
um gauchesco jeito de expressar o meu amor.
Amor! pela terra gaúcha, por este Rio Grande do Sul.
Amor! pelo campo aberto e pelo imenso céu azul.
Amor! pelo canto dos livres e pelo rio Uruguai.
Amor! pelo jeito campeiro expresso em um sapucay.
sou cria de um tempo novo de casas e apartamentos
do asfalto e do concreto, das paredes de cimento
da liberdade contida por grades e cadeados
do tráfico nas esquinas...
transformando meninos e meninas
em inocentes viciados
será que nasci no tempo errado?
Será que não houve engano?
Será que meu destino é este,
de gaúcho quase urbano?
Minha pele se arrepia ao escutar um bordoneio
O meu braço se agiganta quando vou pra algum rodeio
Uso pilchas de respeito e faço versos de improviso
Vejo o campo, o gado e as flores
Estes são os meus amores
È só deles que preciso.
Não sou cria das estâncias
Mas elas fazem parte de mim
Meu canto é missioneiro, fronteiriço e litorâneo
Meu semblante é altaneiro de gaúcho canpechano
Sou tão gaúcho como tantos
Que nasceram nas estâncias
Que domaram e tropearam
Que sovaram basto e chergão
Quebrando queixo de potros
Nalgum fundo de rincão.
Gaúchos são os cantores de alma e sentimento,
gaúcho fala de campo mesmo estando em apartamento.
Agora eu sei meus senhores
a resposta da indagação!
Eu nasci no tempo certo
não houve nenhum engano
vim trazer um canto novo
pra um mundo mais humano!
sou herança do passado que renasce no presente
vim deixar o meu legado neste mundo indiferente
sou peleador de um novo tempo
de um mundo tão fugaz
vim derrubar fronteiras
e levantar uma só bandeira
a bandeira branca da PAZ!!