DOCE LAR (A FÁBULA DAS ABELHAS)
JULIANO COSTA DOS SANTOS
No alto da timbaúva
a vida fez casa e morada
no silêncio do potreiro
uma nuvem em revoada
um zumbido insistente
nesses tempos de florada.
Bem na ponta de um galho
uma colmeia nascia
a união fazendo a força
na luta do dia a dia
cooperação e trabalho
para a mesa não ficar vazia.
Do pólen vem o mel
do mel a força para voar
em troca vão as abelhas
ao campo polinizar
uma mão lavando a outra
para todos prosperar.
Tem a cera e o própolis
tem rainha e o zangão
outras tantas operárias
lidando em mutirão
cada qual no seu trabalho
flor a flor, grão a grão.
Doce lar lá da campanha
lá, bem longe deste chão
a colmeia vai crescendo
mais um favo em construção
alquimistas da natureza
em tempos de floração.
Mas um dia derrepente
um estrondo inesperado
e no pé da timbaúva
a fúria de um machado
corroendo tronco e cerne
em cada golpe firmado.
A arvore se veio ao chão
levantando pó e poeira
o enxame em desespero
fazendo a maior zueira
e o machado esfomeado
seguia picando a madeira.
Mas a vida que é teimosa
ansiosa nunca espera
o enxame levantou voo
buscando outra tapera
construindo um novo lar
adoçando outra primavera