POEMA PARA UM FINAL DE TARDE
JULIANO COSTA DOS SANTOS
Quem disse que o tempo apaga lembranças
não sabe a saudade que trago no peito
somente o mate que é verde esperança
conhece o mundo que é do meu jeito
Nas horas de mate, em frente ao galpão
lembro da infância, ao ver meu guri
jogando bolitas, sentado no chão
nele vejo o mundo que um dia vivi
No guri mais velho, a garra e coragem
de sair para o vida a me provar
anseios e sonhos em meio a bagagem
e o resto do mundo a desbravar
Na filha eu vejo a doçura no olhar
mas com firmeza sabendo o que quer
uma flor em botão a desabrochar
dia a pós dia virando mulher
Vejo meus pais, exemplo a seguir
criando seus filhos com muito suor
a vida é braba mas jamais desistir
e fazer o mundo um pouco melhor
Na sombra sentados meus velhos avós
queridos, amados, e iluminados
a base, o alicerce para todos nós
que para o sempre serão lembrados
Quem disse que o tempo apaga lembranças
não sabe a saudade que trago no peito
somente o mate que é verde esperança
conhece o mundo que é do meu jeito
Se achega de manso buscando carinho
minha querida amada, meu porto seguro
a mais bela rosa enfeitando o ranchinho
construindo comigo o nosso futuro
meus olhos marejam, assim, feito um rio
olho pra cima e agradeço ao céu
pois sem família o homem é vazio
feito o branco que invade o papel
Na frente dos olhos, a vida passando
e meus sonhos transpassam além do infinito
a estrada é longa, mas vou caminhando
pois sei que o destino é um potro bendito
Roncou minha cuia, no entardecer
vou recolher-me para o galpão
a prosa é mais terna e ajuda a aquecer
quando sentamos ao redor do fogão
somente o mate que é verde esperança
conhece o mundo que é do meu jeito
Quem disse que o tempo apaga lembranças
não sabe a saudade que trago no peito