DA MINHA JANELA
(JULIANO COSTA DOS SANTOS)
Da janela do meu rancho eu consigo ver o mundo
Vejo um campo no horizonte no olhar mais que profundo
Vejo a noite se achegando com o mais escuro véu
E o brilho das estrelas relampeando lá no céu
Vejo a várzea com as sangas e também o velho rio
Vejo um tempo cabuloso que ao longe se sumiu
Restando toda a saudade dum tempito que se foi
Deixando um velho tropeiro sentindo a falta do boi
Minha janela é diferente, bem mais do que parece.
Tem formato de janela, mas tem alma feito prece.
Traz mistérios escondidos na madeira retorcida
Da janela do meu rancho eu vejo as coisas da vida
Vejo o gado pastejando o nosso campo nativo
Um sabiá abrindo o peito num canto alegre e altivo
Um bagual escaramuçando pisoteando o pastiçal
Pedindo golpe na boca num abraço de bocal
Da janela vejo coisa que não via anteriormente
Vejo a alma do meu povo se perdendo lentamente
Vejo a cidade chegando cada dia mais pertinho
Afrontando a janela deste humilde ranchinho
Minha janela é diferente, bem mais do que parece.
Tem formato de janela, mas tem alma feito prece.
Traz mistérios escondidos na madeira retorcida
Da janela do meu rancho eu vejo as coisas vida
(Poema musicado por Lucas Mendes e defendido por Marcelo Oliveira na 29ª Gauderiada da Canção Gaúcha de Rosário do sul, fazendo parte do CD do festival)